Em entrevista ao site Backstage, Evan relata detalhes sobre alguns testes para projetos de sua vida profissional, além de contar sobre seu processo de entrar nos personagens. E ao olhar para o passado, deixa uma mensagem para seu “eu” mais jovem.
Seja protagonizando uma nova antologia de Ryan Murphy, se mesclando ao universo cinematográfico da Marvel, ou atuando ao lado de Kate Winslet em “Mare of Easttown “, Evan Peters é um ator que se compromete totalmente, mas nem sempre foi desse jeito. Durante o início de sua carreira fazendo comerciais e pulando entre audições (como a com Seth Rogen para “Superbad”), o talentoso artista diz que ele falaria ao seu “eu” mais jovem para “parar de brincar” e levar o trabalho mais a sério como ele faz atualmente.
B: O que o fez primeiramente querer interpretar o detetive Colin Zabel?
E: Eu tinha os materiais e os roteiros eram maravilhosos e as pessoas participando também eram maravilhosa. Mas realmente foi a chance de trabalhar com Kate Winslet e apenas poder estar na mesma sala que ela.
B: Eu imagino que uma atriz como ela eleva a performance de todo mundo.
E: Sim, definitivamente.
B: Quando aparece um projeto como “Mare of Easttown”, o quanto mapeada é a sua performance como Colin? Você sabia de todos os rolos e desenrolar que estavam no caminho do seu personagem?
E: Eu tinha conhecimento até o episódio 5. Eu sabia o que acontecia até ali, e depois eu decidi que não queria mesmo saber o que aconteceria depois… Você sabe, você tem um plano, mas enquanto você está filmando e o ambiente toma conta e o que a Kate está fazendo e diretores estão pensando, você apenas entra no momento e brinca mais e tem uma visão melhor do que está sendo feito e o que pode ser reajustado.
B: Você se descreveria mais como um ator técnico ou mais instintual? Como funciona o seu processo de construir um novo personagem?
E: Ah cara, eu ainda estou tentando descobrir isso sobre mim. Eu acho que estou explorando maneiras diferentes de fazer as coisas e ver o que funciona e o que não funciona. Eu tenho fazer um pouco dos dois, sabe? Eu tento fazer o máximo de pesquisa que conseguir antes de começarmos a filmar. Eu assisto muita coisa, eu leio muita coisa, eu tento entrar na mente do que o personagem está passando e entender o mundo dele o melhor que eu puder. E aí um dia, quando você está lá e está filmando a cena, algumas coisas que você vem trabalhando funcionam e outras você apenas tem que largar de mão. Eu sou muito aberto e colaborativo para com novas ideias e técnicas e jeitos de trabalhar com todos os tipos de coisas, porque eu apenas estou tentando de tudo e vendo o que funciona. Então, é ainda um trabalho em progresso, eu acho que essa é a melhor resposta.
B: Você trabalha em oposto com a Winslet aqui, e olhando para o resto dos seus trabalhos, você tem tido muitas companhias de cena maravilhosas durante os anos. Na sua opinião, o que faz um ator ser uma grande companhia de cena?
E: eu aprendi que tem muito a ver com estar no momento e tipo ir com o que você tem e o que funciona e estar bem relaxado. Você sabe, eu acho que muitos dos companheiros de cena e ótimos atores e atrizes que eu trabalhei são sempre muito relaxados e confortáveis. E depois eles entram com tudo na cena. É realmente muito impressionante assistir eles fazendo isso. Isso é uma coisa que eu sempre quis ter deles.
B: Acabando com “Mare” aqui especificamente, teve alguma interação que apareceu em cena que te pegou de surpresa no momento? Alguma coisa entre você e Winslet que realmente te animou?
E: Tiveram algumas coisas. Eu acho que uma coisa que sempre me interessou muito foi que ambos, o diretor Craig Zobel e eu e Kate pensamos que foi realmente engraçado o quanto a Mare não quer o Colin lá no início. E então, para isso, a Kate vinha nas cenas muito dura e difícil de se entrosar, sabe? E como Colin, você está sentado lá tentando conversar com ela e dizendo “Olha, cara, eu estou tentando te ajudar. Você pode me deixar?” E eu sempre achei isso muito chocante no momento, porque eu simplesmente nunca imaginei que ela não me queria tanto desse jeito. Então aquilo foi meio que chocante e eu me via depois de uma filmagem tipo, oh, meu, Deus. É tão engraçado o que ela faz em não me querer lá de jeito nenhum e eu estou tentando tanto fazer com que ela goste de mim. Então isso sempre foi um momento chocante.
E depois eu acho que naquela cena no bar, teve um momento no final quando ela diz algo e ela meio que me deu um olhar em alguma hora que ficou tipo, “Talvez eu queira que você fique aqui comigo.” Sabe? E eu meio que fui pego ali. Eu só olhei pra ela de um jeito e senti aquele sentimento tipo oh meu Deus, talvez ela realmente me queira aqui! Foi aquele sentimento de animação e atração que me pegou de surpresa no momento. Então isso foi outra coisa que eu não estava esperando que ela fosse fazer, se abrir um pouco naquele momento.
B: Ela te mantém na reta.
E: Exato, sim.
B: Como você recebeu sua primeira carta do SAG-AFTRA?
E: Eu acho que foram alguns comerciais. Foi num comercial do Papa John’s ou Sour Patch Kids ou um comercial do Moviefone. Foi um desses três, porque naquela época, eu fazia esses comerciais e já estava apto para o prêmio Taft-Hartley e então finalmente recebi o cartão.
B: Você tem algum teste para American Horror Story que poderia compartilhar conosco?
E: Eu tenho muitos. Eu lembro que uma vez estava fazendo teste para “Superbad“, esse realmente se destacou. Eu lembro que Seth Rogen estava na sala, e eu estava tão nervoso. Eu tremia. Você sabe, eu tinha tudo pronto, mas eu provavelmente poderia ter me preparado mais. Foi nos meus 20 e poucos anos, não sabia o que eu estava fazendo; talvez até tenha sido antes dos meus 20 anos, na adolescência. Eu estava tão nervoso, e minha boca estava tão seca que eu nem conseguia falar nada. Eu estava tentando tanto parecer tranquilo, mas eu não conseguia respirar, eu estava tremendo, e minha boca estava tão seca de forma que depois do teste, eu acredito que Seth ou o diretor de elenco disse a um dos assistentes de elenco para me trazer um copo de água. (Risos) Eles me trouxeram esse copo gigante de água, e aquilo foi o final do teste. Eu não passei.
B: Eu acho que isso poderia ter tido dois lados. Ou você teve sucesso interpretando de modo super estranho um desses personagens adolescentes, ou tudo apenas caiu por terra.
E: Sim, eu falhei totalmente.
B: Qual foi a coisa mais selvagem que você já fez para conseguir um papel?
E: Eu lembro desse filme que eu fiz, “Gardens of the Night“, eu estava interpretando um personagem que se vestia com roupas de mulher e usava maquiagem, então eu deixei minhas unhas crescerem bem grandes e as pintei. Eu meio que já sabia que ia conseguir aquele papel. Então eu comecei a fazer isso, e eu apostei total em roupa, maquiagem e tal, de roupa feminina. Eu acho que elas eram meio estranhas. Mas eu decidi ir com tudo. Eu realmente queria o papel.
B: Eu terei que voltar e assistir esse de novo. Eu sei que o elenco tinha Gillian Jacobs, John Malkovich…
E: Sim, foi um filme ótimo. Eu realmente gostei de trabalhar nele. Foi legal. Nós fomos conversar com as crianças que tinham sido tiradas de suas famílias ou jogadas na rua. Foi interessante trabalhar nisso com certeza. Eu aprendi muito.
B: Qual é a performance que você acha que todo ator deve ver e por quê?
E: Existem muitas. Quando eu era muito mais jovem, eu estava assistindo “Forrest Gump”. Eu acho que o Tom Hanks nesse filme é uma performance fenomenal e emocionante e engraçada, e ele acertou em tudo. Não tem um erro qualquer. E depois quando eu cresci, eu acho que foi depois que Marlon Brando morreu em 2004, que alguém disse, “Olha, o Marlon Brando morreu” e eu disse, “quem é Marlon Brando?” (Risos) Então depois é claro que eu fiquei obcecado com ele, e sua performance como Stanley Kowalski (em Uma Rua Chamada Pecado) é uma das melhores atuações que eu já vi. É tão fluida e natural que joga as coisas ao ar e elas explodem. Ele está apenas incrível nesse papel.
B: Você também mencionou que um dos grandes motivos de participar de Mare of Easttown foi a atuação com Kate Winslet. Você tem alguma performance favorita da carreira dela?
E: Essa é uma pergunta tão difícil. Ok, eu vou lhe dar três: obviamente “Titanic”, esse é essencial. E depois “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, onde ela é simplesmente hilária e adorável, maravilhosa, trágica, assustadora e todas essas coisas. É realmente incrível ver ela trabalhar nesse filme. E depois “O Leitor”, que é arrebatador, performance brilhante. E tão difícil de fazer. Eu não consigo imaginar o quão difícil foi fazer aquele filme. Ela realmente é incrível. Então, eu acho que essas três. Eu não poderia lhe dar apenas uma, ela é boa demais.
B: Qual seria o seu conselho para o seu “eu” jovem?
E: Eu sinto que foi depois dos meus 20 anos que eu comecei a ser tipo, “Você precisa levantar essa bunda. Você precisa tentar trabalhar mais duro.” Pare de brincar por aí, essencialmente. Eu estava me divertindo por aí e saindo no meu instinto e brincando demais (como um ator), e se nada me intrigasse na época, eu simesmente estragava com tudo e acabava com tudo. E isso é claro para mim. Era apavorante. Mas, é, eu diria: “Você precisa botar o cinto e sentar direito. E tentar muito. Dê tudo de si. O truque é. Você nunca aparenta que está tentando o suficiente. Eu acho que Laurence Olivier disse, “Se você der 110%, parece que está tentando demais, então você tem que dar 65%.” Eu acho que isso significa mais em termos de preparação, aprender suas falas, fazer sua pesquisa, preparar o quanto você possivelmente pode, e depois deixar tudo levar e se divertir, o que é difícil pra c****** de fazer quando se tem tanta pressão. Então, eu não sei. É uma faca de dois gumes: Tente arduamente e deixe-se levar, o que ainda estou aprendendo a fazer. Mas, sim, eu diria: “Pare de brincar por aí, cara. Memorize suas falas, se destaque, e tente seu melhor.” Isso é o que eu diria a mim mesmo quando jovem.
Leia a entrevista completa em inglês aqui.